quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Conto: a menina que decidiu fazer gastronomia

Era uma vez uma garota linda chamada Meliza. Ela era muito bonita, tinha olhos azuis da cor do mar, e os cabelos dourados e em caracóis avantajados. Ela chamava atenção dos garotos enquanto caminhava pela cidade onde morava e estudava, mas eles não conseguiam ter uma conversa decente com a menina.
Veja bem, não é que ela fosse chata, não é nada disso, ela sabia entreter, era sim bem divertida, mas geralmente as pessoas riam-se dela e não de anedotas que contava.
É que Meliza tinha um problema que a atormentava, impossível de alguém compreender, ela tinha medo de pérolas! Pobre menina, era só ver um colar que ela sentia calafrios e se contraía em terror, “parecem dentes!” ela dizia.
Mas pelos caminhos que Meliza andava, poucos colares de pérolas existiam, então ela podia viver uma vida tranquila e feliz. Quando era de idade suficiente, Meliza resolveu estudar, fazer uma faculdade e por afinidade resolveu fazer direito, sim estudar as leis.
Durante a faculdade, Meliza aprendeu como podia, sofreu com algumas lições sobre direitos trabalhistas e anatomia forense, mas aos poucos ela foi conseguindo terminar algumas cadeiras, mesmo que na segunda ou terceira vez.
Meliza tinha um seleto grupo de amigos, achavam ela divertida mesmo com seu estranho receio com pérolas e sempre se divertiam quando saiam nos bares perto da faculdade. As conversas eram muito divertidas e todos falavam de maneira jocosa sobre a vida, o universo e tudo o mais.
Numa dessas saídas, encontraram um vendedor ambulante, que contava casos e vendia brincos. O rapaz não tinha mutio garbo, mas a menina ficou encantada com seus produtos manufaturados, e um deles em específico tinha contas pretas que lembravam feijões.
Uma menina que estava na mesa ao lado veio correndo para comprar o brinco de feijões, “são perfeitos pra mim que faço gastronomia” disse a garota que, na visão de Meliza, afanou os brincos diretamente de sua mão.
Após cantarem e se divertirem com o garoto dos produtos manufaturados, ele se foi passando em outras mesas e o caso tinha quase sido esquecido, quando Meliza declara seu desprezo pelos estudantes de gastronomia, “todos se acham só por que fazem pratos de alta cozinha!” disse ela.
O tempo foi passando e Meliza e seus colegas avançaram no estudo do direito, e a cada dia se aproximava mais o dia de sua formatura. Em uma das festas pré-formatura, todos se vestiam com gala e Meliza estava estonteantemente bonita e chamava muita atenção. Mas em algum momento da festa ela viu uma de suas amigas usando um colar de pérolas, ela ficou muito chateada com essa amiga, e a partir desse dia elas pouco se falaram.
Apesar do incidente na festa pré-formatura, a vida continuou normalmente para Meliza, aplicou-se nos estudos das cadeiras que tinha reprovado no início do curso e conseguiu se formar a tempo, declarando que direito era o que ela queria fazer. Sua formatura veio e passou, e ela começou sua vida profissional, atuando em um escritório de advocacia.
Um belo dia, quando encontra aquela amiga do colar de pérolas, que nesse dia não os usava, Meliza afirma que vai estudar gastronomia. Afinal, dizia ela, aquilo é o que sempre sonhou para sua vida, que acha lindo ver as pessoas comendo com gosto, e que já fazia alguns pratos em casa.
A amiga do colar de pérolas ficou muito confusa e achou que Meliza estava louca ou tentando fazer uma brincadeira que ela não entendeu. Imaginava as fileiras de dentes expostas das pessoas comendo os pratos mencionados por Meliza, além dos jantares chiques em que ela teria que comparecer e quantas pessoas usariam pérolas! Mas, mais do que isso, lembrava de Meliza comentando das pessoas que faziam gastronomia...
Sua amiga olhou bem nos olhos de Meliza e não percebeu nenhuma intenção de brincadeira,  sempre tinha achado Meliza um pouco louca mesmo. Despediu-se e seguiu seu caminho.

FIM

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